Google
A globalização na sua vida / Globalization in your life: ChinaIndianização? Asianização?

terça-feira, 6 de novembro de 2007

ChinaIndianização? Asianização?

  • Para compreendermos este novo conceito é necessário recorrer aos movimentos globais que têm afectado o nosso planeta a partir do século XV.

  • A partir da primeira fase de globalização, temos observado que as regiões com maior poder económico alcançam uma supremacia a vários níveis. Ou seja, por força do poder económico que possuem, fazem valer as suas influências em outras áreas da realidade (sócio cultural, política, etc) "comandando" os restantes países ao nível Mundial.

  • Tudo começou com os descobrimentos e a primeira Europeização do Mundo (séc. XV e XVI), altura em que a Europa (especialmente Portugal, Espanha, Reino Unido e Holanda) necessitou explorar os continentes africano, asiático e americano, à procura de ouro e cereais, de forma "forçada", impondo a sua cultura, destruindo, por vezes, culturas autóctones e levando população como escravos e recursos naturais. Para além disso, deu-se uma alteração forçada da organização dos mesmos países o que se reflectiu por exemplo nas rotas de comércio. Concluindo, nessa fase, os países europeus "utilizaram" os restantes como fornecedores de factores de produção (recursos naturais e trabalho), que lhes permitiu expandirem-se economicamente.

  • Em seguida, o apogeu da Europa continuou. Ao longo do século XIX, o "velho continente" continua a "comandar" o Mundo. Esta acentuação da influência europeia (2a europeização do Mundo) deve-se à Revolução Industrial, que teve início no Reino Unido (séc. XVIII e XIX) e que trouxe inventos extremamente importantes que revolucionaram o conceito de produtividade e de nível de vida. A partir desse momento, as gerações começaram a pretender um nível de vida superior à obtida pelas gerações anteriores. As economias começaram a abrir-se ao exterior, dando origem à especialização produtiva dos países/divisão internacional do trabalho, com base nas vantagens comparativas. O desenvolvimento dos transportes deu origem a um mercado mais global para as exportações, a um aumento das migrações, a um "colonialismo económico" e a uma deslocalização de investimentos para as colónias europeias. Com o dinheiro recebido das exportações, os países europeus tornaram-se os principais fornecedores de capital a nível mundial. (Nos finais so século XIX, o Reino Unido era responsável por cerca de 44% do capital investido no Mundo, a França 20%, a Alemanha 13% e os EUA apenas 8%).

  • A afirmação dos EUA como principal potência a nível Mundial dá-se na primeira metade do século XX e deve-se, por um lado à destruição e deterioração das condições de vida da Europa pós a 1a Guerra Mundial e por outro, pelo crescimento económico acentuado, dos EUA ao nível de fornecedor bélico, de carvão, de electricidade, de petróleo, de aço e têxteis para a Europa em Guerra e no pós-guerra como país fornecedor de equipamentos para a recuperação Europeia. Assim começou a Americanização do Mundo, com o reforço do papel do inglês no panorama mundial, que se acentuou com o aparecimento dos computadores, da informática, do audiovisual e com o desenvolvimento da aviação. Assim os EUA apareceram como um país extremamente terciarizado e com elevada inovação tecnológica e produtividade. Estes factores contribuíram para a expansão das empresas americanas no Mundo. Nomes como Mac Donalds, Pizza Hut, Coca-Cola, IBM, Microsoft, Boeing e Ford "invadiram-nos" com um sucesso inacreditável.

  • Apesar disso, as recentes crises nos EUA e a elevada taxa de crescimento de países como a China e a Índia, têm levantado dúvidas sobre quem será, num futuro relativamente próximo, o mais influente país do Mundo. Actualmente também encontramos redes de lojas chinesas e indianas por todo o Mundo, extremamente bem organizadas e interligadas em redes multinacionais com grandes volumes de importações. Essas PME, têm representado um papel importantíssimo para o crescimento das exportações e para a angariação de investimento directo estrangeiro para a Ásia. Em relação à Índia, o seu poder económico provém da sua expansão em relação às novas TIC, apresentando-se como sério concorrente aos EUA num futuro próximo. Para além disso, assistimos já a movimentações que demonstram o poder elevado, principalmente da China, no panorama Mundial. Como exemplo podemos apresentar a reacção dos políticos portugueses de "desprezo" à visita do Dalai Lama a Portugal (Relembro que o Tibete está em "conflito" com a China). Outro exemplo é o modo de produção Chinês em que é os trabalhadores, por vezes crianças, são "explorados". Esta situação é do conhecimento geral mas parece não preocupar muito a sociedade nem os meios de comunicação. Os EUA e a Europa estão já bastante dependentes da China a vários níveis, entre os quais a elevada posse de títulos da dívida pública americana e europeia por parte de empresários chineses. Tudo isto concede a esses países um enorme poder de negociação a nível Mundial. A expansão chinesa alcançou valores impressionantes. Se ainda à cerca de 50 anos atrás a sua presença no panorama mundial era "insignificante", agora é indispensável. A título de curiosidade, refiro que China, traduzindo, significa "Centro do Mundo". Será que o estão a conseguir? Aparentemente sim...

    Devido ao reforço do papel asiático em Portugal podemos enunciar como consequências:

  • aumento do número de imigrantes asiáticos, considerando o aumento da população activa e da taxa de natalidade (consequencias positivas).
  • No entanto, existem consequências negativas, como o aumento das importações asiáticas que leva a uma crescente inserção desses bens no mercado. Como consequência indirecta da presença desses produtos no mercado português, o mercado interno, desprotegido, tornou-se bastante mais concorrencial, beneficiando os produtos asiáticos da vantagem em relação ao preço (dado que a mão-de-obra nesses países é significativamente mais barata). Esta situação constatou-se com maior intensidade nos sectores tradicionais da economia, pouco competitivos e de reduzida qualidade e inovação.
  • Como consequências observamos que várias empresas, essencialmente do sector têxtil deixaram de vender (ou reduziram o volume de vendas) e tiveram de encerrar ou reduzir trabalhadores, provocando o aumento do desemprego. Assim, podemos genericamente referir que as empresas de produtos de elevada qualidade e de maior inovação, mais competitivas, não foram (muito) afectadas, no mercado interno, por esta Asianização, podendo até ter beneficiado e exportado os seus produtos, de maior qualidade, para os países asiáticos em desenvolvimento.

A produção em qualidade e a inovação tecnológica são a chave para um crescimento económico sustentado e não devem ser vistos como uma fonte de desemprego. Mas, para uma economia aumentar a qualidade das suas unidades produtivas, é necessária uma maior e melhor escolarização e uma maior exigência profissional, tornando possível uma crescente aposta na Investigação e Desenvolvimento (I & D), para "inovarmos" mais, "investirmos" mais e melhor com o objectivo de aumentar a produtividade GLOBAL da nossa economia e permitir um melhor nível de vida . Esta é a melhor solução possível para "sobreviver" a esta "invasão asiática".

Uma limitação das importações asiáticas ou da imigração seria mais problemático, pois poderia ter consequências ao nível da OMC (Organização Mundial do Comércio) e mesmo em termos geo-políticos internacionais devido ao elevado poder "negocial" dos mesmos países no mundo actual e aos acordos realizados. Logo, por motivos óbvios, é aconselhável a Portugal apenas seguir as normas sugeridas pela U.E. em relação à limitação das importações e "combater" a maior concorrência existente, aumentando a qualidade dos seus produtos, sendo esta uma chave para o crescimento e desenvolvimento económicos. No entanto, as fases de prosperidade e crise económica são inevitáveis. No entanto, as fases de prosperidade devem ser aproveitadas para aumentar a poupança para fases de recessão... A poupança das famílias é importante para o futuro da economia...

2 comentários:

Dark B disse...

Como leitor assíduo do vosso blog não pude, mais uma vez, deixar comentar um assunto que não só é actual como afecta directamente o nosso país.
E de facto é neste ponto que eu mais me quero focar: o nosso país "Portugal". É óbvio que este blog deveria ter tido uma opinião mais crítica acerca da chinaindianização , dentro do nosso país.
A grave crise económica/financeira que o nosso pais enfrenta é uma das condicionantes, a meu ver, que pode ser um entrave a este tipo de globalização...
Deverá o governo português impor medidas que regulem este tipo de comércio? Poderá este tipo de globalização abalar de vez a já frágil economia portuguesa, ou poderá ser uma resposta?
Estas são algumas questões para as quais eu gostaria de obter respostas.

Unknown disse...

Termo muito interessante e a sua explicação ainda é mais interessante. Continuem vão no bom caminho