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A globalização na sua vida / Globalization in your life: A China é impressionante...

quinta-feira, 6 de março de 2008

A China é impressionante...

A China é a nação mais populosa do mundo, com 1300 milhões de pessoas (cerca de 130 vezes mais do que Portugal). Dentro deste número astronómico, existem 56 etnias reconhecidas e diversas variantes linguísticas. Possui uma área de 9 572 909 km² (cerca de 104 vezes maior que Portugal) e desde há muito que tem sido uma fonte de oportunidades desejada pelos países mais desenvolvidos europeus, americanos e até asiáticos, devido ao mercado amplo que representa.No entanto, até cerca de 2003, a China, país considerado socialista/comunista nunca aderiu totalmente ao capitalismo nem à globalização, protegendo o seu mercado (de grande potencial) das investidas internacionais. Podemos, no entanto, relacionar este facto com a fraca competitividade, principalmente industrial, que a China apresentava até 2003, sendo que até então protegeu o seu mercado.

Assim, em 2003 quando a China aderiu à OMC (Organização Mundial do Comércio), os países desenvolvidos, atraídos pelo lucro potencial apressaram-se a investir na China, aproveitando os menores custos do factor trabalho. Logo este país tornou-se rapidamente o maior receptor de IDE (Investimento Directo Estrangeiro) do Mundo. Assim, a necessidade de reduzir os custos e maximizar os lucros tem levado a inúmeras deslocalizações da produção de empresas para a China. Desde 2003 que a China cresce a taxas de aproximadamente 11% ao ano.

Porque é que a China oferece óptimas condições de produção tornando-se o maior receptor de IDE do Mundo? Uma teoria baseia-se no envelhecimento da população provocada pelos incentivos á natalidade nos tempos de Mao Tse Tung, que agora tem cerca de 50 anos (em 2020 1/3 da população chinesa terá mais de 60 anos). Para além disso, a China está com excesso de população e precisa de manter as suas taxas de crescimento para não entrar em crise económica (ou seja necessita de criar 24 milhões de postos de trabalho por ano) para não ter elevadas taxas de desemprego futuramente. O problema da China não é o sistema de segurança social, dado que este quase não existe, mas a pobreza absoluta, que se aumentar excessivamente pode levar a manifestações incontroláveis. A China é um país pouco social, sendo que estas contribuições representam cerca de 5% do PIB, ao contrário do que ocorre por exemplo na Alemanha em que estas despesas representam 48% do PIB alemão. Na China não existem sindicatos independentes, a burocracia e as regras de segurança são mínimas. A maioria dos chineses trabalham 6/7 dias por semana, mais de 8 horas por dia. Para além disso, o Estado pouco socialista aplica os seus fundos no esforço de captar IDE e não penaliza muito a poluição provocada.

O reverso da medalha é preocupante. A China é a nação mais competitiva no sector industrial, apoiada pelos subsídios estatais às matérias-primas, pelo reduzido controlo de qualidade e ambiental, pelo trabalho excessivo, assim como pela ausência de sindicatos independentes e aos salários baixos praticados em função da produtividade relativamente elevada. À primeira vista, aumentam-se as vendas e os lucros e reduzem-se os preços. No entanto, há um factor importante a não esquecer… o mercado paralelo, a pirataria e a corrupção. Muitas empresas ignoraram o espírito de empreendedorismo chinês e viram surgir no mercado empresas concorrentes que ou lhes retiraram quotas de mercado ou levaram-nas mesmo à falência. Por exemplo, fábricas têxteis italianas empregaram funcionários chineses, que após alguns anos de trabalho, voltaram para a China e unindo-se montaram as suas próprias fábricas de têxteis concorrentes. Estimativas publicadas no “The Economist” revelam que a pirataria chinesa custa aos países desenvolvidos cerca de 60 mil milhões de dólares/ano (mais do que o IDE anual que é de 56 mil milhões de dólares/ano), divididas em necessidade de baixar preços, desvalorizações de trabalho intelectual e redução da rentabilidade da Investigação & Desenvolvimento. Na China falsifica-se tudo, desde (finais de) livros a leite em pó e a tacos de golfe.

Sendo o maior mercado a nível mundial, a competitividade é imensa e o poder de escassez que permite elevados lucros é reduzido. Para além disso, os produtos nacionais são extremamente baratos, o que reduz as importações de bens e “obriga” à redução das taxas de lucro. Assim, várias empresas chinesas conseguem obter maiores margens de lucro em países como a Nigéria do que na China, tornando-se a exportação uma exigência para a manutenção no mercado interno.

Por outro lado, os chineses recebendo salários baixos tem uma taxa de poupança de 40%, das maiores a nível mundial, o que permite elevada liquidez bancária e empréstimos a juros reduzidos e com elevadas facilidades de pagamento. Por outro lado, fragiliza a economia em caso de grande crise, na qual muitos bancos podem ir à falência. No entanto, a força do “império” chinês baseia-se no empreendedorismo, no trabalho em equipa e no poder de poupança.Dada a presença da China a nível mundial, os produtos “made in China” fazem parte do dia-a-dia de muitos europeus e norte-americanos. Produtos desde ténis desportivos a televisores e a canetas são fabricados na China. Actualmente, a China é vista como um país de produção de baixa e média qualidade, sendo que os seus produtos são à partida depreciados. No entanto, a produção em qualidade tem vindo a aumentar…


Como soluções contra esta potência industrial de média tecnologia (por enquanto), os países devem investir em soluções como:

· Investimento no conhecimento (principalmente universitário)


· Políticas activas ao nível da concorrência do mercado de trabalho


· Incentivos á poupança


· Reabilitação urbana


· Apoio às pequenas e médias empresas


· Modernização do modelo social


· Rever subsídios à produção


· Pressão para o cumprimento dos direitos humanos na China junto dos organismos competentes


· Pressão para a valorização do yuan remnimbi


· Investigação anti-pirataria internacional


Podemos considerar que a China é a principal beneficiária da globalização, ao contrário dos países desenvolvidos, principalmente ao nível das PME que perdem o seu mercado com a deslocalização da produção de empresas multinacionais, levando consigo a classe média empreendedora. Assim, o mundo desigual virou-se contra os países desenvolvidos. Os trabalhadores desses países são demasiado generosamente remunerados pelo relativo pouco trabalho que fazem… Isto tem provocado cerca de 20 milhões de desempregados na Europa. A china representa o verdadeiro capitalismo (sobre a máscara socialista) e a contratação de um chinês custa cerca de 1/8 do que a contratação de um português para o mesmo trabalho. Será este capitalismo "exagerado"? Estará a China a pôr em causa o modelo social-democrata que a Europa construiu? Penso que sim. E mais, creio que o modelo chinês põe em risco o capitalismo como modelo político e económico mundial, principalmente devido às assimetrias existentes.


Actualmente a China influencia o Mundo. Como exemplo dessa influência, podemos considerar:


· Perda de postos de trabalho no sector industrial nos países desenvolvidos


· Proliferação de armazéns de descontos na UE e EUA, abastecidos na China


· Aumento da presença de chineses em leilões de empresas falidas


· Roubos de sucata para exportação para a China (subida do preço do aço)


· Salários reais em queda


· Destruição da classe média


Por último, podemos referir que a ganância das empresas dos países desenvolvidos tem contribuído para o sucesso do modelo capitalista chinês, mas tem criado problemas ambientais no Mundo e crises económicas que afectam os grandes países a nível mundial.As fragilidades que a China apresenta são diminutas. No entanto podemos referir:
· Dependência de Investigação & Desenvolvimento


· Fraca protecção à propriedade intelectual


· Assentação económica no mercado paralelo (pirataria)


· Reduzidas medidas à modernização (devido ao excesso de mão-de-obra barata)

2 comentários:

Anónimo disse...

Achei o texto muito interessante no ponto de vista critico, efectivamente chama a nossa atenção para os aspectos mais negativos que o desenvolvimento desta grande potência (China)têm representado.
Contudo não nos podemos esquecer que existem alguns aspectos positivos tais como, permitir que as classes menos favorecidas de vários países possam comprar um determinado número de artigos que de outra forma nunca teriam acesso se não tivessem o tal "made in China" a um preço muito baixo.

Leonor Lourenço disse...

Além do texto sobre Portugal, gostei muito deste texto.
É bom que as pessoas o leiam, porque fala em vários aspectos sobre China, como por exemplo os seus lucros.
Acho que devias continuar a escrever, gosto muito da maneira como escreves.